domingo, setembro 19, 2010

O QUE É ARQUITETURA

Joyce Costa Santos[1]

LEMOS, Carlos A. C. O que é Arquitetura. São Paulo: Brasiliense, 2003.

RESUMO: O que é Arquitetura é uma obra que pretende por os acadêmicos de arquitetura em contato com alguns conceitos, bem como traçar aspectos desde a concepção do que é belo até a arquitetura moderna. O autor faz um esforço para apresentar várias correntes, bem como alguns exemplos dos tipos de arquitetura vigente.

O livro “O que é Arquitetura” é uma obra que objetiva colocar o leitor em contato com os primeiros conceitos do mundo acadêmico da arquitetura. A obra foi escrita por Carlos A. C. Lemos, professor, arquiteto e profissional dedicado à arquitetura brasileira e à conservação do patrimônio cultural. Carlos Lemos visa traçar a cronologia do conceito do que é arquitetura, passando pelas noções de construções belas até o conceito de arquitetura moderna.

O livro é estruturado em quatro capítulos curtos. O primeiro capítulo intitulado “A construção bela” retoma aspectos populares do conceito do que é belo. Para Lemos “(...)as pessoas procuram achar vínculo entre a arquitetura e a beleza” (p.7), porém há uma questão inconveniente o que é Belo? Esta questão depende diretamente de aspectos subjetivos de quem define o que é belo. O conceito de beleza é algo subjetivo e está intrínseco ao gosto de quem conceitua. Para se safar das problemáticas epistemológicas Lemos divide as construções em três categorias: as construídas segundo um critério artístico qualquer, erguidas sem desejos de fazer arte e as construções precárias – destituídas de senso estético. Dando destaque especificamente ao segundo aspecto, destacando as obras populares, as resultantes do contato com o colonizador e finalmente a resolução dos problemas por meio da tecnologia.

Lemos ressalta que com a Revolução Industrial houve uma mudança de conceitos e uma nova forma de olhar as coisas, surgindo desta forma uma “arquitetura paralela” à arquitetura acadêmica. A arquitetura paralela, assim como outras áreas do conhecimento, teve influência direta do racionalismo tecnicista decorrente do momento histórico da era iluminista.

O segundo “A arquitetura ao longo do tempo” tem o intuito de traçar uma linha do tempo com as progressos da arquitetura, bem como a inserção de novos conceitos e concepções, tendo como base o legado de Vitrúvio. Destacam-se três aspectos: solidez, utilidade e beleza. Lemos destaca que as concepções de Vitrúvio fazem uma ponte entre o clássico grego e o modernismo.

Ao terceiro capítulo Lemos reserva a discussão para o significado de “Partido Arquitetônico” com título homônimo. É nesse capítulo que Lemos dá o seu conceito do que é Arquitetura, em síntese para o autor: arquitetura é a intervenção no meio ambiente criando novos espaços, quase sempre com intenção plástica. Ou seja, é a alteração do espaço com uma preocupação estética inerente.

O partido arquitetônico tem inúmeras influências como: técnica construtiva, clima, condições físicas e topográficas, programa de necessidades, condições financeiras e legislação regulamentadora. Destacam-se questões ligadas à identidade regional, às subjetividades individuais, condições financeiras e aspectos da personalidade. O autor destaca também a mudança nos usos da moradia no decorrer do tempo, bem como as adaptações realizadas em materiais e técnicas ao longo do tempo. Outro aspecto que influencia diretamente no partido arquitetônico são as normas e regulamentações que controlam as edificações e o uso do solo urbano.

O último capítulo, Lemos reserva para discorrer acerca da “Arquitetura Moderna” . Entretanto, dedica-se muito mais a discorrer sobre as dificuldades de ter acesso à materiais característicos da arquitetura moderna do que a expor maiores detalhes acerca da temática. Como exemplos de arquitetura moderna Lemos cita a presença delas em órgãos públicos e grandes centros privados. No que tange às conclusões, o mesmo não as apresenta, ou pelo menos não as deixam explícitas, deixando o leitor na expectativa de algo mais.

A obra de Carlos Lemos é uma obra introdutória para os acadêmicos dos cursos de Arquitetura, refaz o caminho desde os primórdios até a arquitetura moderna. Contudo, não se pode negligenciar que o texto não segue uma ordem cronológica clara retornando inúmeras vezes ao passado. Outro fator que dificulta a leitura da obra é a ausência de continuidade textual bem como algumas lacunas deixadas pelo autor por meio dos conceitos soltos e sem explicação.



[1] Mestre em Desenvolvimento Social, bacharel em Ciências Sociais e acadêmica do 1º período do curso de Arquitetura.

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